Espio o céu cinzento.
Pinheiro no vento espeta o céu.
Vida cinzenta. Espinho.
domingo, 5 de dezembro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
domingo, 17 de outubro de 2010
sábado, 9 de outubro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Orquídeas 2
domingo, 12 de setembro de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Testamento
Quando você me deixar
Por favor
Não me deixe bens
Móveis ou imóveis
Nem casa, nem carro
Nem conta bancária
Ou previdência privada
Não me deixe nada
Quando você me deixar
Por favor
Não me deixe dívidas
Obrigações ou títulos
Duplicatas divididas
Em faturas ou carnês
Enterre tudo com você
Quando você me deixar
Por favor
Não me deixe sonhos
Só quero o seu travesseiro
Testemunha das noites
Guardando o seu cheiro
Só essa lembrança
Minha única herança
Quando você me deixar
Por favor
Não me deixe
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
O livro
Porque se atura tanta literatura? Escrever até escrevo. E gosto, porque é algo que se precisa. Porque não precisa. Mas fazer um livro?. É assim como procriar, deixar um broto, um rastro, um retrato. Fica para toda a vida. Isso eu não quero. Ou quero? Ou há escolha? Há sentido em trepar se não for para procriar? Por nada, só porque deu vontade, uma compulsão, masturbação. Escrever porque descansa. E cansa. E aí a gente senta e deita. Deita a tinta e o papel aceita, em seu leito. Lá onde me deleito. O papel chupa a seiva da caneta, como se tinta fosse leite e a pena uma teta. E a palavra vira sustento. Escrevo, então, por precisão. Ou porque não preciso. Posso até escrever, mas fazer um livro. Ah...aí , não.
domingo, 18 de julho de 2010
Fábula dos homens e suas palavras. Homem número 3
Um homem, quando muito jovem, foi mordido por uma palavra.
O assalto veio de um poema infecciosamente belo, que o contaminou atingindo o coração, como um mal de Chagas. Incubado no princípio, assintomático em sua fase aguda, o caso foi se tornando crônico, progredindo silencioso por vinte anos. Paralelo aos super-heróis, esse tipo era também uma espécie de Hulk, homem-aranha ou vampiro (comenta-se que igualmente não suportava alho), pois sua força, por ironia, vinha de sua maldição.
Quando a febre se tornava insuportável, ele escrevia com raiva e espírito de vingança, deixando nas páginas torrentes vermelhas, pulsantes. Assim ele aliviava a exaltação, desenfreado sem pontos nem vírgulas naquela hemorragia de letras, perigosamente contagiante ao leitor. Passada a compulsão, novamente assumia feição humana, podendo pedir um pingado no boteco, sem que o cidadão ao lado lhe adivinhasse a condição de besta-fera.
Esse homem que tem a palavra em seu sangue, não tem escolha. É um escritor.
Fábula dos homem e suas palavras. Homem número 2
Um homem nasceu com intenso desejo de aprender e saber. Percebia desde pequeno o milagre em cada folha, pedrinha, inseto. Sua memória era muito espaçosa e nela ele guardava uma foto de cada nova descoberta. Quando foi apresentado às palavras, segurou uma delas contra a luz e viu que elas tinham várias dimensões e eram multifacetadas. Além disso, se encaixavam. A mesma palavra, dependendo da maneira que fosse chacoalhada poderia produzir diversos sons.
O português anasalado, os duros idiomas escandinavos, o onomatopéico inglês, o delicado tupi. Como rápido exemplo, exibia uma das faces de um trapezoidal termo que descreve um animal doméstico:
Cachorro
Chien
Dog
Inu
狗
Havia palavras cabeludas, compostas, sagradas, secretas.
Ele só não gostava de pesar ou medir palavras, o que lhe causava um efeito colateral, pois como todos sabem, cada coisa dita ou pensada exerce pressão. Por isso ele tinha muita dor nas pernas, devido ao peso continuamente acumulado desse léxico, guardado ao acaso em sua vasta galeria mental. Muitos desses objetos ele usava no dia a dia, outros, pegava com carinho polia e colocava cuidadosamente de volta na estante. As amava como seres naturais, mas seu grande dom era compartilhar esse conhecimento com outras pessoas. Não por exibição, mas por curiosidade e amizade ao saber. Tornou-se professor.
O português anasalado, os duros idiomas escandinavos, o onomatopéico inglês, o delicado tupi. Como rápido exemplo, exibia uma das faces de um trapezoidal termo que descreve um animal doméstico:
Cachorro
Chien
Dog
Inu
狗
Havia palavras cabeludas, compostas, sagradas, secretas.
Ele só não gostava de pesar ou medir palavras, o que lhe causava um efeito colateral, pois como todos sabem, cada coisa dita ou pensada exerce pressão. Por isso ele tinha muita dor nas pernas, devido ao peso continuamente acumulado desse léxico, guardado ao acaso em sua vasta galeria mental. Muitos desses objetos ele usava no dia a dia, outros, pegava com carinho polia e colocava cuidadosamente de volta na estante. As amava como seres naturais, mas seu grande dom era compartilhar esse conhecimento com outras pessoas. Não por exibição, mas por curiosidade e amizade ao saber. Tornou-se professor.
domingo, 4 de julho de 2010
Fábulas dos Homens e suas palavras. Homem número 1.
Um homem se deu conta que havia vida nas palavras e que apesar de seus temperamentos diversos, ele tinha talendo para dominá-las. Percebeu que poderia colocá-las a seu serviço e delas tirar algum dinheiro. Transformou-as em caixeirinhas capazes de vender tudo. Sapatos, parques de diversão, políticos, o que fosse. Tornou-se um publicitário e seguiu gerenciando suas articuladas balconistas de loja. Ocupado demais com seus adjetivos e predicativos ele foi abandonado pela mulher que amava.
Mas as palavras, que o respeitavam como patrão, ficaram ao lado dele e o consolaram. Dessa dor nasceu seu primeiro livro. Foi aí que ele notou que os livros também poderiam render lucro. Colocou suas palavras em fila, maquiadas de forma a fisgar os fregueses, como divertidas garotas de programa. Publicou e fez disso meio de vida, em literária caftinagem. Foi acumulando bens e montou família. Quando teve seu primogênito, por falta de outro brinquedo que lhe ocorresse, deu a ele algumas palavras e encantou-se quando o menino riu. O homem achou aquilo lindo. Deu mais palavras para o garoto que se abria em gargalhadas. Passou a recolher e colecionar cada trechinho de efeito cômico para dar ao filho. Mas logo viu sua vantagem e encaixotou os pobres vocábulos em cubículos. Viraram almanaques de anedotas para crianças. Se passa uma frase boa, ele assovia e esfrega as mãos. Virou editor e considera-se um sucesso.
Mas as palavras, que o respeitavam como patrão, ficaram ao lado dele e o consolaram. Dessa dor nasceu seu primeiro livro. Foi aí que ele notou que os livros também poderiam render lucro. Colocou suas palavras em fila, maquiadas de forma a fisgar os fregueses, como divertidas garotas de programa. Publicou e fez disso meio de vida, em literária caftinagem. Foi acumulando bens e montou família. Quando teve seu primogênito, por falta de outro brinquedo que lhe ocorresse, deu a ele algumas palavras e encantou-se quando o menino riu. O homem achou aquilo lindo. Deu mais palavras para o garoto que se abria em gargalhadas. Passou a recolher e colecionar cada trechinho de efeito cômico para dar ao filho. Mas logo viu sua vantagem e encaixotou os pobres vocábulos em cubículos. Viraram almanaques de anedotas para crianças. Se passa uma frase boa, ele assovia e esfrega as mãos. Virou editor e considera-se um sucesso.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Apocalipse 1
E se a Ponte Estaiada
Fosse assim, tomada
Por mato e flor?
Pelos cabos amarelos,
Trepadeiras enredadas
Uma ponte do nada
Ao nada.
E se a avenida
Fosse talvez, invadida
Por capim e margarida?
O leito transbordado
Em rebeldia líquida
Pelo rio ávido
De vida
E se os edifícios
Fossem ocupados
Por folhas e galhos?
Metros quadrados
Em botânico sacrifício
Um templo ao tempo.
Perdido.
E se nós,
O trânsito
A bolsa, o dólar
A metas, a moda
O urgente, o inadiável
Voltássemos ao simples
Pó e paz.
Fosse assim, tomada
Por mato e flor?
Pelos cabos amarelos,
Trepadeiras enredadas
Uma ponte do nada
Ao nada.
E se a avenida
Fosse talvez, invadida
Por capim e margarida?
O leito transbordado
Em rebeldia líquida
Pelo rio ávido
De vida
E se os edifícios
Fossem ocupados
Por folhas e galhos?
Metros quadrados
Em botânico sacrifício
Um templo ao tempo.
Perdido.
E se nós,
O trânsito
A bolsa, o dólar
A metas, a moda
O urgente, o inadiável
Voltássemos ao simples
Pó e paz.
sábado, 19 de junho de 2010
A Festa
A senhora mais distinta entrou na loja mais exclusiva do Shopping Center mais sofisticado da maior cidade do país e disse à vendedora:
- Minha querida, sábado eu terei uma festa e quero que seja inesquecível. Por favor traga a minha aparência de 17 anos. Se não tiver, 19 também me serve.
- Minha querida, sábado eu terei uma festa e quero que seja inesquecível. Por favor traga a minha aparência de 17 anos. Se não tiver, 19 também me serve.
domingo, 13 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
domingo, 30 de maio de 2010
Orquídeas 1
terça-feira, 25 de maio de 2010
Sophro Laelio Cattleya (SLC)
Coágulo. Nódoa de vinho.
Vermelho tinto denso, perfume intenso
Flor, sangue e espinho.
Vermelho tinto denso, perfume intenso
Flor, sangue e espinho.
sábado, 15 de maio de 2010
domingo, 2 de maio de 2010
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Bashô - releituras diversas
Sapo pula
Lago calmo
Água ondula
Dou um salto de rã
Mergulho no texto
Sonoras palavras fluem
Acrobático batráquio
Em profundo solilóquio
Verte em mergulho aquático
Pingo de tinta na tela
Forma o desenho de um sapo
Na mancha da aquarela
Nas ondas da tua vóz
Meu coração feito um sapo
dispara velóz
Tombaste sapo pentelho!
Achastes que era príncipe
E que o poço era espelho
Sapo japa
Pula paca
Chuá na água
terça-feira, 27 de abril de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
sábado, 17 de abril de 2010
sexta-feira, 16 de abril de 2010
A definição das coisas 2
Pen Drive:
A canetinha com a qual anoto os poemas enquanto estou parada no trânsito.
A canetinha com a qual anoto os poemas enquanto estou parada no trânsito.
A definição das coisas 1
Rodoanel:
Utensílio usado para puxar o fluxo de automóveis e tentar fazê-lo escoar.
Utensílio usado para puxar o fluxo de automóveis e tentar fazê-lo escoar.
Teoria da Evolução 1
Abafado por tanto ruído.
O violino do pernilongo, torna-o vampiro
Ainda mais despercebido.
O violino do pernilongo, torna-o vampiro
Ainda mais despercebido.
domingo, 11 de abril de 2010
domingo, 4 de abril de 2010
sábado, 3 de abril de 2010
sexta-feira, 2 de abril de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
domingo, 28 de março de 2010
sábado, 27 de março de 2010
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